Reencarnação na Bíblia – Parte II
Primeiramente gostaria de dizer que o meu intuito não é transformar ninguém em espírita ou em espiritualista e muito menos dizer que uma religião é melhor que a outra, longe disso. Acredito que a maioria das religiões busca a mesma coisa: a paz de espírito sobre a luz do Criador. Concordo plenamente que se temos a oportunidade de fazermos a diferença nessa vida, que façamos então. Não deixemos para a próxima.
Resolvi criar esse post devido ao tamanho da resposta ao post anterior Reencarnação na Bíblia, mais especificamente aos usuários anônimos do nono e décimo comentários.
A Existência de Deus
Quando o homem pré-histórico voltou seus olhos pela primeira vez para o céu noturno, repleto de estrelas, ou quando admirou a natureza exuberante que o cercava, ou ainda quando passou a descobrir-se como um ser de idéias e sentimentos, adentrou os domínios dos “mistérios” da Criação.
Iniciava-se, então, de modo extremamente primário, a formação da idéia acerca da existência de Deus. A partir daí, através de práticas as mais extravagantes, o homem tentou a comunicação com Deus, num processo que culminou com a própria humanização da divindade. O homem passou a conceber Deus à sua imagem e semelhança. Foi assim que se organizaram as mais diversas religiões.
“Há coisas que, de tão profundas,
só se sentem, não se descrevem”
Léon Denis
A Doutrina Espírita nos apresenta um conceito magnífico de Deus: a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. Mas a idéia vem enriquecida por alguns dos atributos da divindade, que revelam ao homem algumas de suas perfeições: Deus é eterno, único, imutável, imaterial, soberanamente justo e bom. É sobre este último atributo (da justiça divina) que se funda o princípio da reencarnação.
Se todos tendemos à perfeição, Deus nos proporciona os meios de consegui-la, com as provas da vida corpórea. É então que nos depuramos, submetendo-nos à prova de uma nova existência, condição necessária da evolução do Espírito, sem a qual permaneceríamos estacionários.
É o próprio Universo que oferece evidências materiais acerca da existência de Deus. Ora, “vede a obra e procurai o autor!”. Se o efeito que se vê é inteligente, sua causa só pode ser inteligente. O que não é obra do homem, só pode ser obra de um poder inteligente. Esse poder é Deus!
O Maior Mandamento
“Mas os fariseus, tendo sabido que Ele fizera calar os saduceus, se reuniram em conselho. E um deles, que era doutor da lei, para o tentar fez esta pergunta: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Respondeu Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante ao primeiro é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas” (Mateus, 22:34-40) Vejam também: Marcos, 12:28-34 e Lucas, 10:25-28.
Com esses dois mandamentos, o Mestre substituiu o Decálogo, isto é, os dez mandamentos de Moisés, pois quem ama a Deus sobre todas as coisas, a ele unicamente presta culto. E quem ama o próximo como a ti mesmo, honra seus pais, não mata, não adultera, não levanta falso testemunho, nem cobiça coisa alguma de quem quer que seja. Quem amo o próximo, deseja ao semelhante o que quer para si.
Do amor ao próximo, como a nós mesmos, nasce a caridade e esta reside no socorro que devemos prestar aos nossos irmãos pela nossa inteligência, pelo nosso coração, com bravura e humildade, para não lhes tornar penoso receber o auxílio material, moral ou intelectual que lhes dispensamos.
Como está implícito no amor de Deus, a prática da caridade para com o próximo, todos os deveres do homem podem ser resumidos na máxima que o Espiritismo humildemente prolifera: “Fora da caridade não há salvação”. Diferentemente de “Fora da igreja não há salvação”, ou “Fora do templo não há salvação”, ou até mesmo “Fora do centro não há salvação”. Pois tudo aquilo que se aprende em conceitos deve-se revelar, concretamente, na caridade das ações e pensamentos.
Conceito de Parábolas
Há dois mil anos, Jesus esteve conosco, trazendo lições para as multidões que o seguiam. Falou a seus discípulos, em certa ocasião: “Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis, por isso é que vos falo por parábolas. Mais tarde, porém, enviarvos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-los explicará todas” (Jo, 14 e Jo, 16)
O que é uma parábola? É uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. A alegoria é a exposição de pensamento sob forma figurada.
A Doutrina Espírita vem trazer novos ensinamentos necessários ao nosso melhor entendimento sobre as lições em forma de parábolas que Jesus nos trouxe.
Jesus, sobre muitos os pontos se limitou a lançar o gérmen de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave.
Essas idéias não poderiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano. A ciência deveria contribuir poderosamente para o aparecimento e desenvolvimento dessas idéias. Era preciso dar tempo à ciência para progredir.
Respondendo as perguntas levantadas pelo internauta Anônimo
1.) Porque ao invés de Elias que apareceu a Jesus na transfiguração, não foi João Batista? Sendo essa sua última encarnação?
Dependendo do grau de elevação do espírito ele pode se manifestar com a aparência da encarnação que desejar. Acredito que ele apareceu dessa forma para não chocar os apóstolos presentes. Digo isso porque se você for parar para pensar, verá que tudo o que Jesus passou de informação para as pessoas e principalmente para os apóstolos, tudo era muito novo, tudo era novidade. Jesus derrubou essa idéia de um Deus vingativo, que pune pela eternidade, e apresentou aos homens um Deus de amor.
Imagine falar sobre reencarnação para um povo que apedrejava adulteras na rua ou que sacrificava animais para oferecer a Deus. Jesus sabia que não poderia falar abertamente sobre reencarnação antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano.
2.) Quando Elias estava para ser elevado numa carruagem de fogo, conforme nos mostra a Bíblia, Eliseu pediu que lhe desse porção dobrada do seu espírito. Como a Doutrina Espírita explica esse fato?
Você menciona “II Reis, 2:1-11”. Elias sabia que iria morrer, mas que primeiro deveria cumprir uma última missão. Em cada cidade que passava, juntamente com Eliseu, os filhos dos profetas daquela cidade vinham e falavam a Elias que o Senhor iria levá-lo.
Elias dizia que já sabia e pedia discrição, que ficassem calados. Quando chegou na cidade de Jordão, Elias abriu as águas (assim como Moisés) e no final da passagem Elias pergunta a Eliseu o que ele desejaria antes de sua partida. Eliseu responde: “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim”, ou seja, Eliseu pede a Elias que ele tenha tanta fé, tanta proteção espiritual quanto Elias.
Eis que Elias responde que é muito difícil, mas que se Eliseu conseguir presenciar sua passagem para o mundo espiritual ele conseguiria. Enquanto caminhavam e conversavam, Eliseu visualiza o que na Bíblia está descrito como “Carruagem de fogo” e Elias desencarna.
No entendimento espírita o que deve ter havido foi um fenômeno de vidência do médium Eliseu que, incapaz, devido sua ignorância sobre os fenômenos mediúnicos, de entender a grande claridade que emanava do espírito Elias após sua desencarnação, a descreveu como uma carruagem de fogo. É completamente possível que Eliseu tenha visto Elias após a morte envolto em grande luz.
3.) Alguém pode descobrir quem fomos no passado? Porque aos outros apóstolos não foram revelados quem eles haviam animado outrora? E somente neste caso isolado?
Para descobrir quem foi no passado, basta consultar um profissional em “Terapia de Vidas Passadas” (TVP). Se tiver curiosidade, assista ao filme “Minha vida na outra vida”, você entenderá melhor como funciona.
O motivo que reencarnamos sem conhecimento da vida passada é justamente para não termos pré-conceitos sobre determinadas pessoas. Imagina você fazer uma regressão e descobrir que seu marido foi quem te matou na vida passada? Será que na vida atual, que você veio para mudar esse sentimento de mágoa, rancor, ódio que sentia por ele, você ao conhece-lo trataria ele normalmente, indiferente, com possibilidade de se relacionarem e se amarem? Ou você fugiria dessa pessoa? Ou até mesmo tentaria se vingar?
A TVP é indicada para tratamento de fobias.
Aos apóstolos nada foi revelado sobre suas vidas passadas porque não foi preciso. Diferente do caso de João Batista/Elias. No Antigo Testamento em Malaquias 4:5, informa o envio do profeta Elias a Terra, como precursor de Jesus. Elias era de fato esperado pelos Judeus como precursor do Cristo. A palavra Cristo significa “Ungido”. As palavras “Messias”, “Cristo” e “Ungido” são sinônimos.
4.) Na verdade o que a bíblia diz é que ouve uma semelhança entre o ministério profético de Elias e João Batista. Nada mais. Se a doutrina da reencarnação já existia na época (os fariseus por ex.) por que Jesus iria se limitar a falar?
Jesus se limitou a falar sobre reencarnação pelo mesmo motivo que uma criança no primário não aprende o que um universitário aprende. É preciso desenvolver aos pouco as noções de espiritualidade. Moisés apresentou ao seu povo dez mandamentos. Jesus, dois. Porque a lei de Moisés era tão rígida? Porque o ser humano precisava dessa rigidez naquela época. Imagina conter a agressão de um homem bruto, que resolve tudo com a espada, com ensinamentos de que ele deveria amar ao próximo.
Na época de Moisés foi preciso criar o céu e o inferno justamente para isso, fazer o homem temer a Deus, e conseguir faze-lo conviver pacificamente em sociedade. A idéia de ir para o inferno fazia tremer até mesmo o mais durão dos homens.
5.) No evangelho de João cap.9 v2 diz: mestre quem pecou este ou seus pais para que nascesse cego (referindo-se a um homem cego de nascença)? 1-Isso demonstra claramente que essa doutrina da reencarnação já existia (pregada pelos fariseus da época) e os discípulos de Jesus a conhecia como mostra a pergunta acima, feita a Jesus. 2- Jesus não poderia, de forma alguma, se limitar a falar dela caso a aceitasse. E ele teve uma grande oportunidade, já que os discípulos trataram do assunto. Mas, de uma forma clara, a negou dizendo: nem ele, nem seus pais pecaram, foi assim para que se manifeste nele a gloria de Deus. Os defensores desta doutrina sabem explicar o que Jesus quis dizer: "para que se manifestem nele a gloria de Deus"? Será que a gloria de Deus se manifestou quando Lazaro morreu?
Para o espirita, a glória de Deus se manifesta todos os dias. O nascimento do Sol todas as manhãs, o desabrochar de uma flor, o canto dos pássaros, o nascimento de uma criança e muitas outras coisas do nosso cotidiano que nem percebemos.
No caso do homem cego, se Jesus visse aí uma idéia falsa, teria dito “Como esse homem poderia pecar antes de nascer?”. Em lugar disso, disse que esse homem era cego, não foi porque haja pecado, mas a fim de que o poder de Deus brilhe nele; quer dizer, que deveria ser o instrumento de uma manifestação do poder de Deus. Se não era uma expiação do passado, era uma prova que deveria ser-lhe para o seu adiantamento, porque Deus, que é justo, não poderia lhe impor um sofrimento sem compensação.
Quanto aos meios empregados para curá-lo, é evidente que a espécie de lama feita com a saliva e terra não poderia ter virtude senão pela ação do fluido curador de que estava impregnada; assim é que as substâncias mais insignificantes: a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas sob a ação do fluido espiritual ou magnético, aos quais servem de veículo, ou, querendo-se, de reservatório.
Sobre a ressurreição de Lázaro, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se que há letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.
Dado o poder fluídico que Jesus possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o espírito, prestes a abandoná-lo, uma vez que o laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela época, que consideravam morto o indivíduo que deixara de respirar, o que aconteceu alí foi uma ressurreição.
6.) Por que Jesus se limitou a falar sobre a reencarnação em suas instruções aos discípulos? Ele, em Marcos 15, deu total prioridade à pregação do evangelho. Portanto, se Jesus concordasse com a reencarnação, seus discípulos teriam recebidos ensinamentos detalhados sobre a tal.
Como já respondido anteriormente, era preciso um amadurecimento espiritual por parte da humanidade, e não apenas dos discípulos. Da mesma maneira que uma criança entra na escola e é passado o conhecimento a ela aos poucos.
Quer ver, vou lhe dar uma exemplo... a 15 ou 20 anos atrás quando alguém lhe falasse em Acupuntura ou Homeopatia qual era a sua reação? Torcia o nariz, achava que ela tudo bobeira, ou até mesmo coisa de gente maluca. Não é verdade? E hoje? Hoje como o desenvolvimento do intelecto humano e da ciência, já aceitamos essas práticas como normais e importantes para o ser humano conhece-las e pratica-las. Agora a maioria das pessoas já entendem e usufruem do seus benefícios. Veja mais sobre isso aqui: http://aprendiz.uol.com.br/content/deweshedre.mmp
Jesus falou a seus discípulos em certa ocasião: “Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis, por isso é que vos falo por parábolas. Mais tarde, porém, enviarvos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-los explicará todas”
(Jo, 14 e Jo, 16)
E quem disse que os espíritas não seguem o evangelho de Jesus? Quando Jesus diz que devemos ser batizados e seguirmos o evangelho, isso de nada vai contra ao modelo de conduta que os espíritas devem praticar.
O batismo não santifica, mas simboliza uma vida de excessos que é deixada para trás, que está aceitando uma nova vida, assim como os espíritas fazem ao ter conhecimento da vida espiritual. Procuram melhorar e aprimorar-se na prática do bem e da caridade. Essa última não apensa material.
Assim como Maria Madalena fez. Se arrependeu de seus atos no passado e seguiu os ensinamento de Jesus. Mas em nenhuma passagem vimos ela sendo imergida nas águas para deixar para trás ou se arrepender de seus pecados. Jesus simplesmente diz: “vai-te, e não peques mais” (João 8:1-11).
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