Quem foi Daniel Dunglas Home

O escritor do livro "Lights and Shadows of Spiritualism"

Nasceu em 20 de Março de 1833 e morreu em 21 de Junho de 1886 de tuberculose.

D.D. Home ficou famoso como médium devido a sua relatada habilidade de levitar até várias alturas, esticar-se e manipular fogo e carvões em brasa sem se machucar.

Vale ressaltar que Home não era espírita (é bom explicar isso, pois algumas pessoas acham que para ser médium é preciso ser espírita), ele foi sucessivamente metodista, congregacionalista e católico, terminando na Igreja Ortodoxa Grega.

Quando fez nove anos, ele foi levado com sua tia e seu tio para os Estados Unidos. Em 1850 sua mãe morreu e em breve a casa de sua tia começou a ser perturbada com batidas semelhantes às que tinham ocorrido dois anos antes na casa das Irmãs Fox.

Sua tia, com medo de o menino ter feito entrar o demônio em casa, expulsou o jovem Home, o que fez com que ele se visse vagando pelo país, parando nas casas dos amigos que queriam ver suas habilidades como médium. Esse modo de vida iria durar por mais de 20 anos, uma vez que ele nunca pediu dinheiro para as suas sessões, apesar de ter sempre vivido muito bem com os presentes, as generosas doações e a hospedagem que recebia de seus muitos admiradores ricos.

Há aparentemente duas razões pelas quais Daniel Home se recusava a receber pagamento direto: a primeira é que ele se via como em uma "missão para demonstrar a imortalidade" e a segunda, a que ele queria interagir com seus clientes como entre um cavalheiro e outro e não como um empregado deles.


Fenômenos

Daniel Home fazia sessões para pessoas notáveis a plena luz do dia e produzia fenômenos tais como mover objetos à distância.

Sua fama cresceu, impulsionada particularmente pelos seus extraordinários feitos de levitação. William Crookes alegou saber de mais de 50 ocasiões nas quais Home tinha levitado, muitas das quais a uma altura de um metro e meio a dois metros do solo e "a plena luz do dia".

Talvez os feitos mais comuns fossem como esse, relatado por Frank Podmore: "Todos o vimos elevar-se do chão até uma altura de um metro e oitenta, ficar lá por cerca de dez segundos e, depois, descer vagarosamente".

Uma das levitações mais famosas de Home ocorreu diante de três testemunhas, Home teria levitado para fora de uma janela de um quarto em um terceiro andar e entrado de volta pela janela do quarto ao lado.


Investigações

De acordo com Arthur Conan Doyle, Home era raro pelo fato de possuir poderes em quatro tipos diferentes de mediunidade: voz direta (a habilidade de deixar os espíritos falarem de forma audível); psicofonia (a habilidade de deixar os espíritos falarem através de si); clarividência (a habilidade de se ver coisas que estão fora de vista); e mediunidade de efeitos físicos (mover objetos à distância, levitação, etc).

Home suspeitava de qualquer médium que alegasse possuir faculdades que ele não possuia, e ele taxava esses médiuns como fraudulentos. Uma vez que os médiuns de materialização sempre trabalhavam em locais escurecidos, Home cobrava que todas as sessões fossem feitas à luz do dia.

Entre 1870 e 1873, William Crookes conduziu experimentos para determinar a validade dos fenômenos produzidos por três médiuns: Florence Cook, Kate Fox e D.D.Home. O relatório final de Crookes (1874) concluiu que os fenômenos produzidos pelos três médiuns eram genuínos, um resultado que foi alvo de ironias pela bancada científica. Crookes registrou que ele controlou e segurou Home colocando seus pés em cima dos dele.

Naturalmente, foi amplamente suspeito de fraude, sobre as maneiras com as quais Home teria iludido seus assistentes, que tinha um companheiro constante que sentava do lado oposto a ele durante as suas sessões, mas jamais foi comprovada qualquer uma das acusações.


Lights and Shadows of Spiritualism

D.D. Home escreveu alguns livros, mas o mais famoso é este: Ligths and Shadows of Spiritualism (que é traduzido de forma errada como “Luzes e sombras do Espiritismo”, quando sua real tradução é “Luzes e Sombras do Espiritualismo”).

Neste livro D.D. Home relata vários casos de falsos médiuns, mas o que mais chama atenção neste livro é uma suposta mensagem recebida por ele, de Allan Kardec, logo após o desencarne do mesmo. E ainda, uma outra suposta mensagem enviada por Kardec ao médium M. Morin, também após seu desencarne.

No livro, consta o seguinte texto:

    “...I received, in presence of the Earl of Duraven, the Viscount Adare, a message saying: “I regret to have taugth the spirite doctrine. Allan Kardec”...I could not, on receiving it, at first credit the above message.”
Traduzindo:

    “...Eu recebi, na presença do Conde de Duraven, o Visconde Adare, uma mensagem dizendo: “Lamento ter criado a doutrina espírita. Allan Kardec”...Eu não poderia, ao recebê-la, dar crédito a mensagem.”
Mas então, Home diz que foi interrompido em sua conversa com o Lord Adare, pois M.Morin havia recebido também uma mensagem póstuma de Kardec, em que dizia (não vou colocar o texto em inglês devido o tamanho, mas esta é a tradução do mesmo):


    "Durante os últimos anos de minha vida, eu busquei cautelosamente manter em segundo plano todos os homens de inteligência que mereciam estima pública, os quais eram investigadores da ciência do Espiritismo e poderiam ter tomado por si uma parte dos créditos que eu desejei apenas para mim.

    Não obstante, muitos destes, ocupando posições altas na literatura e na ciência, teriam ficado perfeitamente satisfeitos, ao dedicarem-se ao Espiritismo e terem brilhado no segundo grau; mas, em meu medo de ser eclipsado, preferi permanecer sozinho na liderança do movimento, ser ao mesmo tempo o cérebro pensador e o braço de ação.

    Sim, eu reconheço a minha culpa se o Espiritismo nos dias atuais não soma em seus postos nenhum daqueles campeões - príncipes da língua ou do pensamento; comigo, o homem (ou minha humanidade) superou minha inteligência.

    Enquanto eu sustentei o Espiritismo, conforme eu o concebia, pareceu-me como tudo o que a humanidade poderia imaginar de mais importante e mais vasto; minha razão estava confusa.

    Agora que, livre do invólucro material, eu assisto a imensidão dos mundos diferentes, pergunto-me como pude ter me vestido no manto, como isso era, de um semideus; acreditando-me ser um segundo salvador da humanidade. Orgulho monstruoso que eu amargamente lamento.

    Eu agora vejo o Espiritismo, como eu o imaginava, tão pequeno, tão contraído, até sobre as perfeições que deveriam se atingir. Levando em consideração os resultados produzidos pela propagação das idéias espíritas, o que eu agora vejo?

    O Espiritismo arrastou-se para a profundidade mais baixa do ridículo, ficou representado apenas por personalidades fracas, as quais me esforcei demais para elevar.

    Eu, buscando fazer o bem, incitei muita produção aberrativa apenas do mal. Mesmo agora conforme a filosofia está relacionada a tão pequenos resultados! Para poucas inteligências isso foi alcançado, quantos estão desavisados de sua existência!
    De um ponto de vista religioso, nós encontramos o supersticioso partindo de uma superstição apenas para cair em outra. Conseqüências de meu egoísmo.

    Não tivesse eu não mantido todas as inteligências superiores na sombra, o Espiritismo não seria representado, como a maioria de seus seguidores, por adeptos tirados do meio das classes operárias, as únicas onde minha eloqüência e meu saber poderiam ter acesso.

    Allan Kardec"


Agora, vamos aos fatos:

1.) D.D. Home foi inegavelmente um médium de fenômenos físicos incontestáveis, visto que até mesmo Kardec faz referência a ele: “Seguramente, se alguém fosse capaz de vencer a incredulidade por efeitos materiais, este seria o senhor Home. Nenhum médium produziu um conjunto de fenômenos mais surpreendentes, nem em melhores condições de honestidade.” (Allan Kardec – Revista Espírita de 1863, mês de setembro.)

2.) Home deixa claro que ao receber a mensagem, não queria dar crédito à ela em um primeiro momento, mais tarde, quando recebeu a mensagem de M. Morin, achou mais “convincente” do que a que ele havia recebido: “To say the least it is reasonable, and bears the impress of truth.”. O que significa: “Para dizer o mínimo, é razoável, e ostenta a impressão de ser verdade.”. Ou seja, Home não disse que a mensagem era, realmente, de Kardec e sim, que dava a impressão de ser verdadeira. Conclusão, ninguém afirmou nada.

3.) O teor de ambas as mensagens é discutido largamente até hoje pelos incrédulos da Doutrina Espírita e são muito utilizadas para atacar os seguidores da Doutrina. O que é incoerente neste caso, visto que, os incrédulos da Doutrina não reconhecem a comunicação entre encarnados e desencarnados como algo real, muito menos os fenômenos produzidos por D. Home. Mas, acreditam que Kardec tenha mandado uma mensagem póstuma. Ou seja, não acreditam nos fenômenos de Home, mas acreditam em sua mediunidade quando a mensagem interessa (para atacar a Doutrina).

4.) Algumas pessoas costumam dizer que a mensagem escrita por Home não é póstuma, dizem que Kardec conversou com Home no minuto que antecedeu à sua morte, então vejamos o que Home diz:

    “I can testify to the fact that, before I knew, or could have any possibility have known, of his passing from earth, I received, in presence of the Earl of Duraven, the Viscount Adare, a message saying: “I regret to have taugth the spirite doctrine. Allan Kardec”.
Traduzindo:

    “Eu posso testemunhar o fato de que, antes que eu soubesse, ou de que houvesse qualquer possibilidade de saber, sobre sua passagem da terra , eu recebi, na presença do Conde de Duraven, o Visconde Adare, uma mensagem dizendo: “Lamento ter criado a doutrina espírita. Allan Kardec”.
Ou seja, ele diz claramente que não sabia da morte de Kardec.

E, para não deixar dúvidas que ele ainda não sabia da morte de Kardec, vamos completar com mais uma passagem onde ele diz:

    “By comparison of the minute of this ocurrence with the minute of his passing away, the interval between the two was found so short as utterly to preclude the idea that even a telegram could have reached me regarding his departure from earth.”.
Traduzindo:

    “Comparando o minuto dessa ocorrência (o recebimento da mensagem) com o minuto de sua passagem, o intervalo entre as duas foi considerado tão pequeno que exclui totalmente a idéia de que sequer um telegrama teria sido enviado avisando-me de sua partida da terra.”
E ainda diz que a doença de Kardec não se manifestou antes de sua morte (Kardec morreu de aneurisma cerebral), por isso, não havia nem como ele saber que Kardec estava para morrer.

Se ele, afirma ter recebido uma mensagem póstuma, o que dizer de Morin que chegou ainda depois desse fato dizendo ter recebido uma suposta mensagem de Kardec.

5.) Já sabemos que ambas as mensagens são póstumas, resta saber se são realmente de Kardec, que é isso o que interessa. Aos que dizem não acreditar em cominucação entre encarnados e desencarnados, não dá mais para negar. Então, ou se admite que a comunicação existe e aí sim, pode-se entrar na discussão de as mensagens serem ou não de Kardec, ou não se acredita em nada disso e ponto final. Por que, dizer que não acredita, mas se utilizar dessas mensagens póstumas para denegrir a doutrina é denegrir a própria imagem.

Por que resta saber se as mensagens são mesmo de Kardec? Ora, se nem mesmo quem as recebeu deu crédito as mesmas o que dizer de nós que apenas as lemos em um livro do século XIX? Sim, porque hoje um médium de credibilidade deve estudar muito e não se deixar enganar por um espírito de nome famoso. Há muito o que estudar e aprender antes de se tornar um médium de credibilidade.

Não estamos duvidando da veracidade dos efeitos produzidos por Home, nem há do que dúvidar, mas vejam o que Kardec diz a respeito do mesmo, neste trecho: “É uma missão que aceitou; missão que não está isenta nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo guardião.” (Allan Kardec – Revista Espírita de 1858, mês de fevereiro).

Por que Kardec disse que sua missão não estava isenta de tribulações e nem de perigos? Por que Home não estava livre da presença de espíritos pertubados. E, se ainda hoje existem encarnados e com certeza, desencarnados querendo denegrir a imagem do Espiritismo, o que dizer naquela época em que ele estava começando a ser difundido? Com certeza havia uma grande soma de espíritos trabalhando em conjunto esperando uma boa oportunidade para agir.

Vejamos então, o que Kardec nos diz no Livro dos Espíritos sobre este assunto: "Um fato demonstrado pela observação e confirmado pelos próprios Espíritos é o de que os Espíritos inferiores muitas vezes usurpam nomes conhecidos e respeitados."

E ainda, quando Kardec pergunta se os espíritos da terceira categoria são todos essencialmente maus, recebe como resposta: “Não; uns há que não fazem nem o mal nem o bem; outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há também os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem antes na malícia do que na malvadez e cujo prazer consiste em mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem.” (pergunta 99 de O Livro dos Espíritos)


Fonte
O Livro dos Espíritos (Itens VI, VIII, X, XII da INTRODUÇÃO)
Lights and Shadows of Spiritualism

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